terça-feira, 8 de maio de 2012

QUE FAZER, ENGENHEIROS?

Por eng. Jomázio de Avelar, em 07 de maio  de 2012


Engenheiro é aquela pessoa que na juventude vislumbrou ter na Engenharia a profissão da qual pudesse manter-se na vida e cuidar dignamente de sua família.

Trata-se de atividades em diversos ramos do mundo dos negócios; abrangem a Engenharia Civil e a Industrial – com enorme quantidade de sub-ramos – que se sujeitam às oscilações do nível de investimentos na economia, públicos e privados. Nos tempos de JK (1955-1960) todos os ramos da Engenharia revelaram-se ótimas profissões. No “milagre” (1970-1980) outra vez da Engenharia. Após 1984 até 2004, as atividades de todos os ramos estiveram em baixa.  Após 2004 um “boom” imobiliário suportado pelo crédito (investimento) possibilitou prestações ao nível do baixo poder aquisitivo da maioria da população: nova alta para os engenheiros civis e também de outros ramos.

A história da Engenharia comprova a ligação direta dos interesses dos profissionais com o nível de investimento na economia. É ótima profissão quando há investimentos; pior quando não há.

Boa formação em Engenharia não é fácil: curso em si pesado para o jovem, dispendioso para a família que tem de custear o estudante em tempo integral de estudos, e caro para o País. Após a formação teórica dada pela Universidade, restam ainda, no mínimo, dez anos de conhecimentos a serem adquiridos pelo engenheiro nas empresas privadas ou órgãos governamentais. A verdade é que no início das atividades profissionais o engenheiro recebe mais do que dá ao empregador; após essa vivência é que passa a produzir com desempenho satisfatório, se teve a possibilidade de atuar continuamente, acumulando conhecimento e experiências, no sentido da maturidade profissional.

No Brasil temos, no geral, boas faculdades. No entanto, tem faltado zelo para o bom desenvolvimento dos profissionais no início da carreira, que é a formação prática, e, na escassez de ocupação, só resta ao engenheiro a alternativa de abandonar a profissão em busca de outra que lhe viabilize os indispensáveis rendimentos. Falta de zelo significa instabilidade no nível de investimentos na economia, o que leva a desvios como a não permanência na profissão, com o que não contavam os engenheirandos e suas famílias quando da opção profissional. E prejudica o País,  preciso diplomar o profissional, mas também mantê-lo na carreira.

O IPEA divulgou pesquisa, a qual revela que apenas 38% dos formados atuam na profissão, ou seja, 62% não a exercem mais. Segundo o CONFEA, há 950 mil formados nas profissões regulamentadas pelo órgão. Isso significa que aproximadamente 600 mil profissionais não atuam mais na Engenharia – desperdício inaceitável, num país ainda pobre como o Brasil.

A presidente da República em entrevista à Veja de 28/03/2012, edição 2262, relata sua conversa com alguns dos maiores empresários do País:  “Eles reclamaram que os impostos cobrados no Brasil inviabilizam as melhores iniciativas e impedem que eles possam competir em igualdade de condições no mundo. Eu concordo. Temos de baixar nossa carga de impostos. E vamos baixá-la. Vamos nos defender atacando... Para isso, temos de aumentar nossa taxa de investimento real para pelo menos 24%. Não dá para consertar a máquina administrativa federal de uma vez, sem correr o risco de um colapso. No tempo que terei na Presidência vou fazer minha parte, que é dotar o Estado de processos transparentes em que as melhores práticas sejam identificadas, premiadas e adotadas mais amplamente. Esse será meu legado. Nosso compromisso com a eficiência, a meritocracia e o profissionalismo”.

Esse é um compromisso assumido pela presidente que deve ser cobrado, principalmente pelos engenheiros, pois trata-se de seus interesses diretos.

É grande a responsabilidade de nossos colegas de profissão e nossos representantes que ocupam cargos de liderança nas diversas entidades representativas da classe. Todos os representados devem exercer sua cidadania profissional pressionando os líderes para cobrar da presidente da República.

Havendo investimentos na economia (24% do PIB) e mantendo-os estáveis, a profissão torna-se mais promissora, menos colegas abandonarão a profissão, contando o País certamente com profissionais mais experientes (mais tempo de carreira) com a probabilidade de aumentar a produtividade da economia e a competitividade dos produtos brasileiros – é o caminho da reindustrialização do Brasil. A inovação é através de produtos, não do câmbio ou tampouco do BNDES, mas com investimentos nas carreiras dos engenheiros, que estão profissionalmente presentes em toda a amplitude do sistema produtivo.

É o engenheiro que cria, desenvolve e aplica a INOVAÇÃO. Um sistema produtivo competitivo requer melhores engenheiros.

Que fazer?

A postura estratégica dos profissionais é pressionar nossos colegas  líderes dirigentes nos órgãos classistas. É benéfico aos profissionais e suas famílias, bem como ao País. Sêneca, no século I, disse: “Se o homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável”. O “porto” são os interesses profissionais dos engenheiros para, em essência, conseguir dotar o País de infraestrutura adequada à melhoria da produtividade e competitividade da economia brasileira, para o que concorre fundamentalmente reduzir a carga tributaria, elevar e estabilizar o nível dos investimentos (24%!) e conceber e implementar competentes estratégias. É pegar a presidente pela palavra: “E vamos baixá-la (a carga tributária).” “Vamos nos defender atacando...”  “Para isso, temos de aumentar nossa taxa de investimento real para pelo menos 24%.”

Vamos atuar para apoiar a presidente que indica objetivo capaz  de criar horizonte promissor para o País e sua gente, maior patrimônio do Brasil.