Por eng. Jomázio de Avelar, em 07 de maio de 2012
Engenheiro
é aquela pessoa que na juventude vislumbrou ter na Engenharia a profissão da
qual pudesse manter-se na vida e cuidar dignamente de sua família.
Trata-se
de atividades em diversos ramos do mundo dos negócios;
abrangem a Engenharia Civil e a Industrial – com enorme quantidade de sub-ramos
– que se sujeitam às oscilações do nível de investimentos na economia, públicos
e privados. Nos tempos de JK (1955-1960) todos os ramos da Engenharia
revelaram-se ótimas profissões. No “milagre” (1970-1980) outra vez da
Engenharia. Após 1984 até 2004, as atividades de todos os ramos estiveram em
baixa. Após 2004 um “boom” imobiliário
suportado pelo crédito (investimento) possibilitou prestações ao nível do baixo
poder aquisitivo da maioria da população: nova alta para os engenheiros civis e
também de outros ramos.
A
história da Engenharia comprova a ligação direta dos interesses dos
profissionais com o nível de investimento na economia. É ótima profissão quando
há investimentos; pior quando não há.
Boa
formação em Engenharia não é fácil: curso em si pesado para o jovem,
dispendioso para a família que tem de custear o estudante em tempo integral de
estudos, e caro para o País. Após a formação teórica dada pela Universidade,
restam ainda, no mínimo, dez anos de conhecimentos a serem adquiridos pelo
engenheiro nas empresas privadas ou órgãos governamentais. A verdade é que no
início das atividades profissionais o engenheiro recebe mais do que dá ao
empregador; após essa vivência é que passa a produzir com desempenho
satisfatório, se teve a possibilidade de atuar continuamente, acumulando
conhecimento e experiências, no sentido da maturidade profissional.
No
Brasil temos, no geral, boas faculdades. No entanto, tem faltado zelo para o
bom desenvolvimento dos profissionais no início da carreira, que é a formação
prática, e, na escassez de ocupação, só resta ao engenheiro a alternativa de abandonar
a profissão em busca de outra que lhe viabilize os indispensáveis rendimentos. Falta
de zelo significa instabilidade no nível de investimentos na economia, o que
leva a desvios como a não permanência na profissão, com o que não contavam os
engenheirandos e suas famílias quando da opção profissional. E prejudica o
País, preciso diplomar o profissional,
mas também mantê-lo na carreira.
O
IPEA divulgou pesquisa, a qual revela que apenas 38% dos formados atuam na
profissão, ou seja, 62% não a exercem mais. Segundo o CONFEA, há 950 mil
formados nas profissões regulamentadas pelo órgão. Isso significa que aproximadamente
600 mil profissionais não atuam mais na Engenharia – desperdício inaceitável,
num país ainda pobre como o Brasil.
A
presidente da República em entrevista à Veja de 28/03/2012, edição 2262, relata
sua conversa com alguns dos maiores empresários do País: “Eles
reclamaram que os impostos cobrados no Brasil inviabilizam as melhores
iniciativas e impedem que eles possam competir em igualdade de condições no
mundo. Eu concordo. Temos de baixar nossa carga de impostos. E vamos baixá-la.
Vamos nos defender atacando... Para isso, temos de aumentar nossa taxa de
investimento real para pelo menos 24%. Não dá para consertar a máquina
administrativa federal de uma vez, sem correr o risco de um colapso. No tempo
que terei na Presidência vou fazer minha parte, que é dotar o Estado de
processos transparentes em que as melhores práticas sejam identificadas,
premiadas e adotadas mais amplamente. Esse será meu legado. Nosso compromisso
com a eficiência, a meritocracia e o profissionalismo”.
Esse
é um compromisso assumido pela presidente que deve ser cobrado, principalmente
pelos engenheiros, pois trata-se de seus interesses diretos.
É
grande a responsabilidade de nossos colegas de profissão e nossos
representantes que ocupam cargos de liderança nas diversas entidades
representativas da classe. Todos os representados devem exercer sua cidadania
profissional pressionando os líderes para cobrar da presidente da República.
Havendo
investimentos na economia (24% do PIB) e mantendo-os estáveis, a profissão
torna-se mais promissora, menos colegas abandonarão a profissão, contando o
País certamente com profissionais mais experientes (mais tempo de carreira) com
a probabilidade de aumentar a produtividade da economia e a competitividade dos
produtos brasileiros – é o caminho da reindustrialização do Brasil. A inovação
é através de produtos, não do câmbio ou tampouco do BNDES, mas com investimentos
nas carreiras dos engenheiros, que estão profissionalmente presentes em toda a
amplitude do sistema produtivo.
É
o engenheiro que cria, desenvolve e aplica a INOVAÇÃO. Um sistema produtivo
competitivo requer melhores engenheiros.
Que
fazer?
A
postura estratégica dos profissionais é pressionar nossos colegas líderes dirigentes nos órgãos classistas. É
benéfico aos profissionais e suas famílias, bem como ao País. Sêneca, no século
I, disse: “Se o homem não sabe a que
porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável”. O “porto” são os
interesses profissionais dos engenheiros para, em essência, conseguir dotar o
País de infraestrutura adequada à melhoria da produtividade e competitividade
da economia brasileira, para o que concorre fundamentalmente reduzir a carga
tributaria, elevar e estabilizar o nível dos investimentos (24%!) e conceber e
implementar competentes estratégias. É pegar a presidente pela palavra: “E
vamos baixá-la (a carga tributária).” “Vamos nos defender
atacando...” “Para isso, temos de
aumentar nossa taxa de investimento real para pelo menos 24%.”
Vamos
atuar para apoiar a presidente que indica objetivo capaz de criar horizonte promissor para o País e
sua gente, maior patrimônio do Brasil.